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Kiruna e Maceió: O Impacto da Mineração no Afundamento das Cidades

Filme “O Abismo” da Netflix e o desastre em Maceió

Jornalista Raudrin de Lima
09/03/2025 18h00 - Atualizado há 2 dias

A história da cidade sueca de Kiruna, situada no extremo norte da Suécia, tornou-se inspiração para a produção cinematográfica Kiruna (2024), baseada em eventos reais. O enredo gira em torno de Frigga, chefe de segurança da maior mina do mundo, que se vê dividida entre a família e o trabalho enquanto a cidade enfrenta um afundamento devido à exploração mineral. A trama levanta questões urgentes sobre o impacto da mineração em áreas urbanas, trazendo à tona semelhanças com um caso bem conhecido no Brasil: a crise dos bairros de Maceió, onde seis regiões correm risco de colapso devido à extração de salgema pela mineradora Braskem.

Kiruna: A Cidade Que Afundou Pela Mineração

Kiruna é uma cidade construída sobre vastos depósitos de ferro. Durante décadas, a extração intensa desse minério gerou crescimento econômico, mas também resultou em consequências devastadoras. A atividade mineradora provocou rachaduras no solo e instabilidade geológica, obrigando o governo sueco a realocar parte da população para evitar um desastre.

Diante do risco iminente, as autoridades suecas optaram por um plano ambicioso: mudar a cidade inteira de lugar. Desde 2004, um grande projeto de realocação urbana vem sendo conduzido, reconstruindo bairros e deslocando milhares de moradores. Essa realocação representa um dos maiores projetos urbanos da atualidade, evidenciando a complexa relação entre exploração de recursos naturais e segurança da população.

A Semelhança com Maceió: O Caso Braskem

A história de Kiruna se assemelha, em vários aspectos, à tragédia que atinge Maceió, capital de Alagoas. Em 2018, tremores de terra e rachaduras em edifícios alarmaram a população de alguns bairros, como Pinheiro, Bebedouro e Mutange. Estudos técnicos identificaram que a causa dos abalos era a extração de salgema pela Braskem, um processo que fragilizou o solo e gerou um risco elevado de afundamento em seis bairros.

Assim como Kiruna, Maceió está perdendo parte de sua estrutura urbana. Milhares de moradores foram forçados a abandonar suas casas, e a cidade enfrenta um enorme desafio: o que fazer com os bairros condenados? Diferente da Suécia, onde um plano de realocação foi estruturado a longo prazo, Maceió lida com um cenário de abandono e incerteza. A Braskem foi responsabilizada judicialmente e teve que pagar indenizações às famílias afetadas, mas a tragédia social e econômica da cidade ainda está longe de ser resolvida.

O Paralelo com o Filme O Abismo

Produção cinematográfica que dialoga com essas tragédias é O Abismo (2023), um filme sueco que aborda os perigos da mineração e seus impactos sobre a população. Na trama, a personagem principal enfrenta o dilema entre a lealdade ao seu trabalho e o risco iminente de desastre, um conflito semelhante ao vivido por muitos engenheiros e geólogos que monitoraram as minas de Maceió e Kiruna.

O filme destaca o quanto o desenvolvimento econômico pode entrar em choque com a segurança e o bem-estar da população. Em ambos os casos – tanto na ficção quanto na realidade – vemos comunidades sendo forçadas a abandonar suas raízes devido aos riscos criados pela própria atividade humana.

Conclusão

A história de Kiruna e Maceió são exemplos claros de como a mineração pode alterar drasticamente a geografia e a vida das pessoas. Enquanto a Suécia investe em soluções de realocação urbana, Maceió enfrenta dificuldades para lidar com as consequências do colapso iminente de seus bairros. A relação entre essas duas cidades demonstra a importância de um planejamento rigoroso para a exploração de recursos naturais, garantindo que o progresso econômico não comprometa a segurança das populações.

O caso de Kiruna já virou filme. Será que a tragédia de Maceió também se tornará um alerta cinematográfico para o mundo?


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