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MPF prorroga investigação sobre morte de peixes-boi em Alagoas após laudo da UFAL apontar agrotóxicos no rio Tatuamunha

16/10/2025 02h38 - Atualizado há 4 horas
MPF prorroga investigação sobre morte de peixes-boi em Alagoas após laudo da UFAL apontar agrotóxicos no rio
Associação Peixe-Boi Alagoas

O Ministério Público Federal (MPF) prorrogou a investigação sobre a morte de dois peixes-boi marinhos no rio Tatuamunha, em Porto de Pedras, após a Universidade Federal de Alagoas (UFAL) identificar a presença de agrotóxicos nas águas do estuário. O novo relatório técnico, elaborado por especialistas da universidade, reforça a hipótese de contaminação hídrica e aponta riscos para todo o ecossistema da região.

O laudo revelou resíduos de herbicidas agrícolas — ametryn e prometryn — em amostras coletadas no rio. Essas substâncias são usadas principalmente em plantações de cana-de-açúcar e milho, o que indica uma provável origem agrícola da contaminação. Além disso, foram detectados níveis elevados de turbidez, ferro e fósforo, bem como traços de compostos orgânicos como etilbenzeno e tolueno.

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Embora o estudo não tenha apontado uma causa conclusiva para as mortes, os dados reforçam a necessidade de aprofundar as análises sobre a qualidade da água e seus impactos na fauna local, especialmente em áreas protegidas como a APA Costa dos Corais.

Os animais mortos, chamados Netuno e Paty, viviam em um recinto de aclimatação do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e faleceram nos dias 21 e 22 de agosto de 2025. O terceiro integrante do grupo, o peixe-boi Assu, sobreviveu e foi transferido para a base do ICMBio em Itamaracá (PE), onde permanece em recuperação.

Diante das descobertas, o MPF enviou novos ofícios ao Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Mamíferos Aquáticos (CMA/ICMBio) e ao Instituto do Meio Ambiente de Alagoas (IMA/AL), solicitando os laudos de necropsia, dados de monitoramento da água e informações sobre eventuais medidas preventivas adotadas.

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Para a procuradora da República Juliana Câmara, o caso vai além da perda de dois indivíduos da espécie Trichechus manatus:

 “O peixe-boi é mais do que um símbolo ambiental — ele representa o equilíbrio entre a natureza e as comunidades que dela dependem. Entender o que causou essas mortes é essencial para proteger não apenas a espécie, mas todo o ecossistema do Tatuamunha”, afirmou.

Considerado um dos maiores atrativos da Rota Ecológica dos Milagres, o peixe-boi-marinho é uma espécie ameaçada e símbolo da conservação marinha no litoral norte de Alagoas. O MPF reafirma seu compromisso em garantir a responsabilização por eventuais danos ambientais, bem como a adoção de medidas efetivas para evitar novos episódios de contaminação.


FONTE: Da Redação, com MPFAL
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