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No G7, Lula reafirma protagonismo brasileiro na transição energética; leia a íntegra do discurso do presidente

Em sessão ampliada do encontro de algumas das maiores economias do mundo no Canadá, Lula defende desenvolvimento sustentável e inclusivo, condena crescente onda de conflitos armados e cobra empoderamento da ONU para restabelecer a paz

18/06/2025 00h40 - Atualizado há 1 semana
No G7, Lula reafirma protagonismo brasileiro na transição energética; leia a íntegra do discurso do presidente
O presidente Lula durante a foto oficial com integrantes da sessão estendida da Cúpula do G7, no Canadá Foto: Ricardo Stuckert / PR

Em discurso na sessão ampliada da Cúpula do G7, nesta terça-feira, 17 de junho, no Canadá, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu um modelo de transição energética sustentável e inclusivo, pautado na cooperação internacional e em benefícios mútuos. O líder brasileiro alertou que a rivalidade entre países tem comprometido avanços em áreas essenciais, como o combate à fome e preservação ambiental.

O presidente afirmou que o Brasil está na linha de frente da transição energética global, e entende que a corrida por minerais estratégicos não deve repetir os ciclos de exploração predatória realizados no passado.

"Contamos com a maior reserva mundial de nióbio, a segunda de níquel, grafita e terras raras e a terceira de manganês e bauxita. Mas não repetiremos os erros do passado. Durante séculos, a exploração mineral gerou riqueza para poucos e deixou rastros de destruição e miséria para muitos", apontou, ao frisar que países em desenvolvimento precisam participar de todas as etapas das cadeias globais de minerais estratégicos, incluindo o beneficiamento.

Durante a fala, o presidente pontuou que o mundo ainda resiste em aceitar que a diversificação é chave para a segurança energética e ressaltou que o Brasil foi pioneiro em investir em energias renováveis em larga escala. "Somos hoje o segundo maior produtor mundial de biocombustíveis, fomos pioneiros no desenvolvimento de motores flexíveis. Nossa gasolina tem 30% de etanol em sua composição e nosso diesel conta com 15% de biodiesel. Veículos híbridos já são realidade na nossa indústria automobilística. Estamos na vanguarda na produção do hidrogênio verde e do combustível sustentável de aviação".

CONFLITOS — Lula voltou a criticar a escalada de confrontos armados e reiterou a posição brasileira contrária ao uso da força como caminho para resolver disputas internacionais. "Todos nesta sala sabem que, no conflito na Ucrânia, nenhum dos lados conseguirá atingir seus objetivos pela via militar. Só o diálogo entre as partes pode conduzir a um cessar-fogo e pavimentar o caminho para uma paz duradoura", disse.

VIOLÊNCIA - Ao abordar a situação no Oriente Médio, Lula classificou como inaceitável a matança de civis e o bloqueio que tem provocado fome generalizada na população palestina e criticou a escalada de violência entre Israel e Irã. "Em Gaza, nada justifica a matança indiscriminada de milhares de mulheres e crianças e o uso da fome como arma de guerra", afirmou. “Os recentes ataques de Israel ao Irã ameaçam fazer do Oriente Médio um único campo de batalha, com consequências globais inestimáveis”.

ONU — Lula defendeu ainda a retomada do protagonismo da Organização das Nações Unidas nas negociações de paz. "No Haiti, a comunidade internacional permanece indiferente ao cotidiano de caos e atrocidades perpetradas pelo crime organizado. O vácuo de liderança agrava esse quadro. Estão sentados em torno desta mesa três membros permanentes do Conselho de Segurança e outras nações com tradição na defesa da paz: é o momento de devolver o protagonismo à ONU", concluiu.

G7 — O G7 reúne algumas das maiores economias do mundo: Estados Unidos, Canadá, Reino Unido, França, Alemanha, Itália, Japão, bem como a União Europeia. O tema principal do segmento de engajamento externo deste ano é a segurança energética, com ênfase em tecnologia e inovação, diversificação e viabilização de cadeias produtivas de minerais críticos, infraestrutura e investimentos. Esta é a nona participação do presidente Lula em cúpulas do grupo. O Brasil mantém com os membros do G7 permanente diálogo sobre temas da agenda internacional, seja de forma bilateral, seja no âmbito do G20 e de organismos internacionais nos quais o Brasil e os membros do G7 interagem.

Discurso do presidente Lula na sessão ampliada da Cúpula do G7, no Canadá

Discurso lido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante a primeira intervenção na Sessão Ampliada da Cúpula do G7, sobre segurança energética e minerais críticos, em Kananaskis, no Canadá, em 17 de junho de 2025.

Agradeço ao primeiro-ministro Mark Carney [do Canadá] o convite para participar desta sessão ampliada.

Cinco dos atuais sete líderes do G7 chegaram ao poder desde a Cúpula de Apúlia.

Essa renovação denota a força da democracia, mas impõe desafios quando é preciso dar respostas rápidas e coordenadas.

A mudança do clima não espera, nem pode ser combatida sem esforço coletivo.

O G7 nasceu em reação às crises do petróleo.

Os choques dos anos setenta mostraram que a dependência de combustíveis fósseis condena o planeta a um futuro incerto.

Mas o mundo resiste em aceitar que a diversificação é chave para a segurança energética.

O Brasil foi o primeiro país a investir em larga escala em alternativas renováveis.

90% de nossa matriz elétrica provém de fontes limpas.

Somos hoje o segundo maior produtor mundial de biocombustíveis.

Fomos pioneiros no desenvolvimento de motores flexíveis.

Nossa gasolina tem 30% de etanol em sua composição e nosso diesel conta com 15% de biodiesel.

Veículos híbridos, que combinam combustão e eletricidade, já são uma realidade na nossa indústria automobilística.

Estamos na vanguarda na produção do hidrogênio verde e do combustível sustentável de aviação.

A expansão de parques eólicos e solares e a descarbonização do setor de transportes e da agricultura dependem de minerais estratégicos.

É impossível discutir a transição energética sem falar deles e sem incluir o Brasil.

Contamos com a maior reserva mundial de nióbio, a segunda de níquel, grafita e terras raras e a terceira de manganês e bauxita.

Mas não repetiremos os erros do passado.

Durante séculos, a exploração mineral gerou riqueza para poucos e deixou rastros de destruição e miséria para muitos.

Ela não deve ameaçar biomas como a Amazônia e os fundos marinhos.

Essa foi a mensagem que levamos à Cúpula dos Oceanos em Nice na semana passada.

O Brasil não vai se tornar palco de corridas predatórias e práticas excludentes.

Países em desenvolvimento precisam participar de todas as etapas das cadeias globais de minerais estratégicos, incluindo seu beneficiamento.

Essa foi nossa posição no G20 e tem sido nossa tônica no BRICS.

Parcerias devem se basear em benefícios mútuos, não em disputas geopolíticas.

Se a rivalidade prevalecer sobre a cooperação, não existirá segurança energética.

Tampouco haverá segurança energética em um mundo conflagrado.

Ano após ano, guerras e conflitos se acumulam.

Gastos militares consomem anualmente o equivalente ao PIB da Itália.

São 2,7 trilhões de dólares que poderiam ser investidos no combate à fome e na transição justa.

Todos nesta sala sabem que, no conflito na Ucrânia, nenhum dos lados conseguirá atingir seus objetivos pela via militar.

Só o diálogo entre as partes pode conduzir a um cessar-fogo e pavimentar o caminho para uma paz duradoura.

Em Gaza, nada justifica a matança indiscriminada de milhares de mulheres e crianças e o uso da fome como arma de guerra.

Ainda há países ainda que resistem em reconhecer o Estado palestino, o que evidencia sua seletividade na defesa do direito e da justiça.

Os recentes ataques de Israel ao Irã ameaçam fazer do Oriente Médio um único campo de batalha, com consequências globais inestimáveis.

No Haiti, a comunidade internacional permanece indiferente ao cotidiano de caos e atrocidades perpetradas pelo crime organizado.
 
Não subestimo a magnitude da tarefa de debelar todas essas ameaças.
 
Mas é patente que o vácuo de liderança agrava esse quadro.
 
Estão sentados em torno desta mesa três membros permanentes do Conselho de Segurança e outras nações com tradição na defesa da paz.
 
É o momento de devolver o protagonismo à ONU.
 
É preciso que o Secretário-Geral lidere um grupo representativo de países comprometidos com a paz na tarefa de restituir à organização a prerrogativa de ser a casa do entendimento e do diálogo.
 
(com Assessoria de Comunicação da Presidência)

FONTE: Por POLÍTICA JB
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